Com um nome tão singelo e uma capa tão doce, espera-se dessa obra um drama delicado e belo como o de A Menina que Roubava Livros (a similaridade do título é sugestiva), entretanto John Harding preparou para o leitor uma grande surpresa.
          O romance desenvolve-se como um thriller que aos meus olhos pareceu bastante influênciado pela obra de Henry James, A Outra Volta do Parafuso (ou A Volta do Parafuso, há controvérsias sobre a tradução do título). Nos dois romances o círculo de personagens, o contexto histórico e a narrativa são semelhantes. 
         Nos dois livros as crianças são orfãs e vivem sob os cuidados de uma preceptora que é responsável por toda sua educação, a grande diferença entre as obras está no papel que essa personagem representa. Em A Outra Volta do Parafuso a preceptora é a vítima de uma série acontecimentos inexplicáveis envolvendo as crianças e durante toda a leitura têm-se a impressão de que tudo é apenas fantasia criada pela mulher. Já em A Menina Que Nao Sabia Ler é uma das crianças que nos apresenta fatos sobrenaturais causados pela preceptora, fatos que também são duvidosos.
         São duas obras magníficas, mas devo dizer que apreciei muito mais a leitura do romance de John Harding. Li compulsivamente até o fim, 288 páginas em uma semana. Ao concluir a leitura permaneci com aquela sensação incrível de supresa e pesar por ter acabado. Seja qual for o livro, se ao ler suas últimas páginas faltar-lhe o ar e o coração acelerar, então é um ótimo livro. A Menina Que Não Sabia Ler é um ótimo livro.