O Mulato é uma obra clássica da literatura brasileira por representar um autor e o estilo em que se consolidou, nesse caso Aluísio Azevedo como um autor naturalista. O naturalismo é uma vertente do realismo, ou seja, sua principal característica é a objetividade. Diferente das obras realistas, no naturalismo há ainda o destaque para a posição do homem como um animal, sendo assim as obras são escritas representando o ser humano em sua natureza primitiva, influenciado pelo meio e por seus instintos.
O livro conta a história de Raimundo, um mulato que desconhece suas origens, o qual se apaixona pela filha de um português que mora no Maranhão. Considerando-se que os eventos se passam antes da abolição da escravatura, ainda que Raimundo seja um intelectual formado em direito, é óbvio que haverá uma clara oposição de toda a sociedade maranhense frente à esse romance. Mesmo diante disso Raimundo e sua amante, Ana Rosa, tentam fugir. Apesar de os conflitos girarem em torno desse relacionamento, a verdadeira temática da obra é sobre a raça do protaganista. Tudo na obra converge para algo próprio do estilo naturalista: o determinismo. Nesse caso de várias formas: raça, meio e contexto histórico. A obra não menciona tanto a questão da sexualidade como O Cortiço (outro trabalho naturalista de Aluísio Azevedo).
Por sua linguagem pesada e narrativa inicialmente lenta, o livro se tornar maçante para o leitor contemporâneo, entretanto a partir da segunda metade do livro os capítulos ganham agilidade e criam uma expectativa que prende o público.
A leitura de O Mulato não é fácil, as descrições extensas e constantes cansam, mas a obra é muito interessante e inteligente. Capta bem o contexto histórico e a sociedade, principalmente nordestina, que era fruto de uma oligarquia rural e escravista, e por isso tinha ainda mais preconceito contra os negros, registra inclusive o início das discuções sobre o fim da monarquia. Eu, particularmente, gostei.
Postar um comentário