29 de março de 2009 - 01:23am - EM CASA
  Estou definitivamente FALIDA! Gastei todo meu salário nesse jantar, e pra que? Pra compensar um café que eu derrubei no vizinho. Ia sair mais barato se eu tivesse pagado a conta da lavanderia.
  Aconteceu o seguinte.
  A Taylor me emprestou (ou melhor, deu, porque eu não pretendo devolver) um vestido vermelho da Channel curto e com uma saia rodada que nem de bailarina, um sapato tipo boneca preto com u m lacinho e uma jaqueta de couro.
  Ela também me maquiou e arrumou meu cabelo em uma trança com prendedores de strass, de modo que eu fiquei parecendo uma estrela de cinema pronta para desfilar no tapate vermelho.
  Eu disse pra ela que achava tudo muito exagerado para um simples jantar com o vizinho novo, mas ela me convenceu dizendo que sempre temos que estar maquiadas e penteadas, mas temos que fazer com que todo mundo ache que não estamos.
  Depois de pronta expulsei a Taylor do meu apartamento e desci até o apartamento do vizinho novo. Bati na porta e uns 10 segundos depois ele abriu a porta.
  - UAU! Você está linda! - Bem que a Taylor disse que eu devia ir bem vestida.
  - Você também. - Eu não falei isso só por educação, ele estava lindo mesmo. Estava vestindo uma calça jeans, um all star, e uma camiseta dos Beatles.
   - Podemos ir?  - Disse ele enquanto fechava a porta.
   - Claro. - Fiquei me perguntando se seria muito idiota perguntar se ele gostava dos Beatles.
   - E onde vamos hoje? - Quando ele disse isso deu uma risada ironica e olhou para mim. Aqueles olhos azuis me deixaram perdida.
   - Surpresa! Ah propósito, gostei da camiseta. - Não posso mais olhar nos olhos do Luke.
   - Você gosta dos Beatles? - Finalmente conseguimos fazer com que um taxi parasse, então fomos obrigados a para de conversar, eu tive de falar para o motorista onde iriamos, fato que estragou minha surpresa.
   - Do que estavamos falando mesmo? Ah, você me perguntou se eu gostava dos Beatles. Eu simplismente AMO eles. Hoje em dia qualquer um pode ser cantor, é bom ouvir música de verdade, não apenas barulho. - É claro que eu lembrava do que estavamos falando, eu estava prestando atenção em cada movimento do Luke, por menor que fosse.
   - Também acho! Hoje em dia a gente ouve cada música ruim. Não podemos nem chamar aquilo de música, como você mesmo disse é só barulho. -  Deu pra perceber pelo tom de voz do vizinho novo que ele estava gostando da conversa.
   - Algumas vezes são barulhos agradáveis, mas continuam sendo barulho. - Eu não estava mentindo. Achava muitas músicas pop só barulho, mas era um barulho agradável, que eu gostava de escutar, mas não me arriscaria a classificar aquilo como música, The Beatles era música, The Carpenters era música, Mozart era música, Bethoven era música, pop não.
  Ficamos conversando sobre isso até que o taxi parou e nós tivemos que descer. O Luke até tentou pagar, mas naturalmente eu não deixei, afinal, eu estava oferecendo o jantar.
  Nos sentamos em uma mesa para dois em um canto do restaurante. Passamos o jantar todo conversando sobre um monte de coisas. Eu contei minha vida todo pra ele e vice-versa.
  Descobri que ele é britânico e que veio morar em NY porque é músico e uma gravadora americana contratou ele e sua banda (que eu não lembro o nome), de modo que ele esta ganhando super bem, e tudo indica que sua banda vai fazer muito sucesso.
 Quando a gente terminou o jantar ele me perguntou me se eu queria dar uma volta no Central Park, disse que queria conhecer o memorial em homenagem ao John Lennon, e eu concordei, não podia dizer não para um pedido tãão especial..
 - Eu acho que vou te recompensar por ter sido tão boazinha comigo hoje. - Disse ele sorrindo.
 - Ah, é? E como. - Disse eu com uma cara de criancinha pedindo bala.
 - Bom, isso eu não posse dizer. Ia acabar com a supresa. - Ele disse, pegando então minha mão.
 - Mas eu não vou dormir se não souber. - Fiz biquinho.
 - Bom, então eu acho que vou ter que te torturar um pouco, porque eu não vou falar. - Disse ele com a mão no meu queixo e o rosto a um centimetro do meu.
 De repente ele soltou meu rosto e caminhou até a barraquinha de sorvete, enquanto eu fiquei lá decepcionada. Como ele podia esperar que eu não sentisse nada com todo esse contato físico inesperado. Cada vez que ele chagava perto de mim eu sentia o cheiro do perfume dele, que por sinal é muito bom.
 - Qual você quer? - Disse ele mostrando o menu de sorvetes.
 - Menta, é meu vício. - Quando eu era pequena minha mãe consumia potes de sorvete de menta, e assim como ela eu fiquei viciada.
 - Vou confiar em você e comprar um sorvete de menta pra mim também. - Disse o Luke com um sorriso estampado na cara.
 - Vou te levar pro vício. - O que é verdade.
 - Nossa! Isso é bom mesmo. - Ele disse isso com a boca tão cheia de sorvete que eu quase não entendi.
 - Não disse?.- Disse eu rindo.
 Caminhamos pelo Central Park enquanto tomavamos nosso sorvete. Estava tudo perfeito, é o final do inverno, as plantas estão começando a voltar a vida, a lua estava lá o tempo todo ouvindo nossa conversa e 
as pessoas andando na rua, cada uma construindo sua própria história.
 Isso tudo me lembrou um pouco minha infância, eu sempre ia ao Central Park no final da tarde com meu pai para tomar sorvete, eu sempre ficava imaginando o que cada pessoa ali estava pensando, qual a razão de ela estar ali, qual era sua profissão, se ela era casada, se tinha filhos, se estava passando por problemas...
 De repente eu senti uma estranha nostalgia dos meus tempos de criança, eu era tão feliz, não tinha esses problemas, tinha meus pais, meus irmãos, minha vida era uma grande brincadeira.
 Assim que terminamos o sorvete eu sugeri que voltassemos porque estava tarde, e ele concordou. Decidimos voltar de metrô pois ele ainda não sabia andar em Nova Iorque e pediu que eu ensinasse, e lá fomos nós.
 Conversamos MUITO até que chegamos no prédio, e quando eu fui subir ele subiu comigo e me acompanhou até a porta. Eu abri a porta e pretendia me despedir a uma distancia segura de pelo menos 30cm, mas para minha decepção ele chegou perto de mim com aquele perfume e aqueles olhos azuis me encarando e ddeu um beijo na minha bochecha.
  - Adorei sair com você. Da próxima vez eu pago. - Disse o Luke dando uma piscadinha pra mim.
  - Vai ter próxima vez? - Disse eu rindo pra tentar disfarçar meu nervosismo.
  - Só depende de você. - Disse ele já caminhando rumo a escada.
  - Quando precisar, sabe onde me encontrar. - Acrescentou ele quando eu fui fechar a porta.
  E agora eu estou aqui tentando entnder o que acabou de acontecer. Eu não quero namorar, acabei de terminar com um cara chamado Pete que anda me perseguindo, ele deixa centenas de mesagens na mionha secretária eletronica, me manda cartas, sempre implorando pra eu perdoar ele pela traição.
 Além do mais eu nem conheço esse tal Luke, vai que ele é um assassino, um molestador, como que eu vou saber. Músicos não são muito confiáveis, ele pode ser um drogado, talvez um traficante, é melhor eu colocar um alarme na minha porta, vai que ele resolve me assaltar no meio da noite.
  ELE PODE TER COLOCADO ALGUMA COISA NA MINHA BEBIDA OU NO MEU SORVETE, E AGORA EU VOU DESMAIAR E ELE VAI PODER ME ROUBAR, E QUANDO EU ACORDAR VOU ESTAR DEITADA NO MEIO DE UMA CASA VAZIA.
  É melhor eu parar com isso e ir  dormir de uma vez, já estou ficando paranóica que nem o Billy.
 
 
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